Campanha pela duplicação da rodovia foi lançada em 2018
O balanço das praças de pedágio da RSC-287, em Candelária e Venâncio Aires, revela dados curiosos, mas também preocupantes. O levantamento, divulgado pelo jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, aponta que foram arrecadados R$ 63,9 milhões nos dois pedágios da rodovia em 2018, mas acabaram sendo investidos R$ 56,3 milhões em obras de manutenção e serviços como os de ambulâncias nos quase 150 km de concessão. O lucro de apenas R$ 7,5 milhões nem foi suficiente para cobrir o prejuízo de 2017, quando foram feitos gastos de recuperação de uma ponte e para a duplicação de 4 km no entorno de Santa Cruz. Hoje, o pedágio custa R$ 7 para carros. Em Candelária, a média de veículos por mês foi de 229,1 mil, enquanto em Venâncio, de 336 mil.
Se for levar em conta que a rodovia ainda está longe do ideal e que seriam necessárias bem mais obras de recuperação da pista, dá para se dizer que nem deveria ter havido lucro em 2018. Até porque para recuperar asfalto, é rápido para gastar R$ 7,5 milhões.
Outro fato preocupa. Se o governo do Estado quer mesmo instalar pedágios em toda a rodovia por 30 anos para prever a duplicação total dos 215 km entre Santa Maria e Tabaí, de onde haverá verbas suficientes para realizar essa obra? A menos que ocorra um aumento significativo do fluxo de veículos no futuro, possivelmente será preciso subir o valor do pedágio para bancar essa duplicação. Os estudos da consultoria KPMG, que o Estado promete divulgar em breve (isso é prometido desde 2018), devem indicar quantas praças de pedágios, que valores terão e a partir de que ano seria possível duplicar cada trecho - pois isso dependerá da receita projetada, ano a ano, para as próximas três décadas.
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Uma das grandes dúvidas é quanto terá de custar o pedágio para bancar essas obras. Se tiver de ser um valor exorbitante, provavelmente o Estado terá de desistir de duplicar 100% a rodovia, focando só nos trechos mais movimentados e mais perigosos. Avaliações preliminares do plano de logística do Estado apontaram que seriam necessários R$ 591 milhões para duplicar os 77 km entre Tabaí e Santa Cruz do Sul, além de quase R$ 1 bilhão para a duplicação dos 140 km restantes, entre Santa Cruz e Santa Maria. Ou seja, numa conta a grosso modo, o pedágio teria de dar um lucro de mais de R$ 50 milhões por ano para bancar essas obras e concluir toda a duplicação em 30 anos.